quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"Mulheres de Atenas"

Como dizia Chico Buarque em sua canção:

"Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas.."

  


Pois é, essa canção retrata a condição feminina das mulheres de Atenas que viviam em total submissão aos homens e a sociedade patriarcal, e como as mulheres em geral podem tirar como "exemplo" essas condições. Mas que exemplo poderíamos tirar disso tudo? O exemplo a que Chico se refere nesta canção é como nós podemos ver e perceber a submissão e a desigualdade de gênero, não sejamos submissas e não nos sustentemos com migalhas, não vamos viver como as mulheres de Atenas, temos a nossa própria vida. Elas não podiam viver para elas, mas para seus maridos, sua casa, seus filhos e seus afazeres domésticos, enquanto aguardavam pacientemente pelo retorno dos seus companheiros da guerra, sedentos em satisfazer os seus egos machistas e tomá-las como objeto sem preocupar-se com a vontade das mesmas, e de que importava a vontade, os desejos, os anseios, a felicidade, a solidão... Se para eles as mulheres estavam ali só para servi-los. 

O maldito patriarcalismo se perpetuou através de gerações, deixando para trás só o rastro de tristeza, culpa, desilusão, medo, sangue, cinzas... As cinzas de todas as Joanas D'Arc, mulheres guerreiras, brancas, negras, ruivas, pobres, ricas, mulheres que ousavam ser livres! Que tinham orgulho acima de tudo. E que foram simplesmente massacradas, apenas pelo desejo de serem tratadas como seres humanos. 


Joana D'Arc condenada á fogueira


A questão do feminismo em si não se trata da mulher querer ser melhor do que o homem mas de ser igual, ter direitos, liberdade, igualdade acima de tudo. E o que realmente me deixa muito chateada é que apesar de todos esses séculos terem se passado, apesar de tanta revolução, tantas conquistas, infelizmente ainda vivemos sob o machismo disfarçado, mascarado, escondido por trás de todas as leis, todas as regras. Está no nosso dia-a-dia, nas casas, trabalhos, igrejas, ruas, está em todos os lugares, á espreita, vigiando á cada uma de nós, para que a gente se sinta livre, para que a gente viva essa suposta "liberdade" que eles fingem nos dar. Mas a mim, particularmente eles não enganam, e a cada mal trato, cada desrespeito, cada morte de mulheres, só aumenta mais ainda a minha revolta e a minha vontade de lutar e honrar todas elas, o que nós mulheres precisamos não é de uma sociedade nos dizendo como devemos ser, o rosto que devemos ter, o cabelo, a maquiagem, as roupas... Nós precisamos de dignidade! De união! Precisamos nos unir contra o machismo, contra o patriarcado, precisamos nos conscientizar dos nossos direitos, não é privilégio para a mulher ter os mesmos direitos que o homem, é um direito dela também!

Angie Gago – Em Luta (Espanha)


Então para honrar e homenagear todas as nossas irmãs, nada melhor do que fazermos uma retrospectiva sobre a história de luta de algumas delas, abordando temas de questão social, música, cinema, literatura, etc, tudo o que foi conquistado por elas.


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