terça-feira, 22 de março de 2016

Rosa Marya Colin

Oswaldo Faustino conta a história da cantora e atriz reconhecida internacionalmente Rosa Marya Colin

A cantora e atriz Rosa Marya Colin | Ilustração: Robério Gonçalves

A década era a de 1980. A palavra da moda era “importado”. Ser nacional fazia consumidores de todas as idades torcerem o nariz para qualquer tipo de produto. Talvez por isso a agência de publicidade tenha escolhido para a trilha sonora do comercial de uma das maiores redes de roupas do mundo, chegada ao Brasil em 1976, aquele sucesso do grupo The Mamas and the Papas, de 1965. A novidade, porém, era a intérprete, uma cantora e atriz mineira de Machado, chamada Rosa Maria. A partir daquela trilha, ela se revelou uma jazz singer reconhecida internacionalmente, com uma vendagem de 350 mil cópias de seu LP “California Dreaming”, produzido por Zé Rodrix.

A cantora e atriz mudou seu nome para Rosa Marya Colin. Em nossa memória ainda vibra sua imagem de cabelos black power, entre os jovens rebeldes na primeira montagem do espetáculo teatral Hair, no paulistano teatro Aquarius, em 1969, em plena ditadura militar. Uma constelação de três estrelas afro-brasileiras: Rosa, Sonia Braga e Neusa Borges. O que os anos não foram capazes de mudar foi seu sorriso constante, a simplicidade no convívio, o olhar sempre vivo e vibrante de menina, a fala doce num volume que revela uma calma permanente da garota que se apresentou em público pela primeira vez, em 1963, no programa Hoje é dia de Brotos, da rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

Da Tupi para a Mayrink Veiga, e desta para a TV Rio, nos programas Festa do Bolinha, Rio Hit Parade, Flávio Cavalcante, Almoço com as estrelas e Embalo, do maestro Erlon Chaves. O primeiro convite para gravação foi participando do LP “S‘imbora”, de Wilson Simonal. Era menor de idade e teve de ser emancipada para participar dos shows de lançamento. Estava na hora do primeiro compacto duplo – um disquinho com quatro canções. O som era todo bossa nova, mas tinha um hit internacional: Hello Dolly. No ano seguinte, seu primeiro LP, “Uma Rosa com Bossa”, lhe rendeu o prêmio revelação de 1966.

Rosa Marya Colin brilhou também no cinema | FOTO: Digulgação

Estava na hora de se mudar para São Paulo. Como uma boa moça solteira daquela época, vivendo sozinha, foi morar num pensionato. Brilhou no Esta noite se improvisa da TV Record. E estreou no cinema em “Compasso de Espera”, de Antunes Filho, protagonizado pelo saudoso Zózimo Bulbul. As fronteiras brasileiras não poderiam conter uma pessoa como ela, que nasceu com a estrela do jazz a nortear-lhe o destino. Por isso, voou em 1971 para o México, onde permaneceu por um ano e de lá partiu para shows nos EUA e na Europa. Na volta, três anos depois, inaugurou o Club de Jazz Opus 2004, onde ficou em cartaz por quatro anos.

Rosa abriu a década de 1980 lançando o álbum “Céu Azul” e fazendo shows por todo o País. A turnê só foi interrompida pelos convites para se apresentar na Temporada de Jazz e Blues de Los Angeles e no Le Chansonier, de Paris. Na volta, já estava com tudo pronto para lançar “Vagando”, pelo selo Eldorado e, depois, “Garra”, pelo selo Pointer. Retornou à França para se apresentar no teatro L’Opera de Paris. Na volta, lançou “Cristal” e, no ano seguinte, “Sings the blues”. A saudade do palco teatral a faz aceitar o convite para estrelar o espetáculo musical “Noviças Rebeldes”. Só se afastou da montagem para participar do festival da canção em Buga, na Colômbia. Foi classificada com a interpretação à capela “Calix Bento”, uma adaptação de Tavinho Moura de uma canção de Folia de Reis. Venceu a final, com “Viagem”, de Taiguara, que encerra com “...o mundo inteiro vai ser teu, teu, teu”. Dama do disco e dos palcos, gravou “Rosa in Blues” e percorreu o País com o show homônimo. Depois vieram mais três discos: “Fever”, “Cores” e “Harlem”, este último, só com spirituals. Suas apresentações nos EUA arrebataram elogios de Stephen Holden, crítico do New York Times, que a comparou a cantoras como Tina Tuner e Chaka Khan. Na Globo, ela já foi Nossa Senhora Aparecida em “Hoje é dia de Maria 2”, Balbina em “Sinhá Moça”, Tia Nastácia em “Sítio do Pica Pau Amarelo”, Aurora em “Ciranda de Pedra”, Irmã Frida em “Xuxa e as Noviças”, mãe de santo em “Força-Tarefa”, Antônia em “Paraíso”, Irmã Calvário em “Ti ti ti”, Zilá em “Fina Estampa”, e Mãe Bia em “Subúrbia”. Mesmo no inverno, a carreira de Rosa Marya Colin estará sempre quente e segura, como profetizou a canção “California Dreaming”.

Rosa Marya cantando "Black Tie":




Fonte: http://racabrasil.uol.com.br/

terça-feira, 8 de março de 2016

Por que 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

Funcionárias do Instituto de Resseguros do Brasil, primeira empresa no Brasil a ter uma creche para filhos das funcionárias. Foto: Divulgação.

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

"O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países", explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinas (Unicamp).

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Por Paula Nadal

quinta-feira, 3 de março de 2016

Quase 16 milhões de meninas entre 6 e 11 anos nunca irão à escola

O número é duas vezes maior que o de meninos.


Quase 16 milhões de meninas entre 6 e 11 anos nunca irão à escola, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O número é duas vezes maior que o de meninos. Entre eles, no mundo, 8 milhões nunca frequentarão as salas de aula.

Os números estão no Atlas de Desigualdade de Gênero na Educação, disponível na internet, divulgado pela Unesco em razão do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

De acordo com a Unesco, as meninas são as primeiras a ter negado o direito à educação. A desigualdade segue principalmente nos Estados Árabes, na África Subsaariana e na Ásia Meridional e Ocidental. Na África Subsaariana, 9,5 milhões de meninas nunca entrarão em uma sala de aula. No caso dos meninos, serão 5 milhões.

Na Ásia, 80% das meninas que estão atualmente fora da escola nunca receberão educação formal, o que equivale a 4 milhões. Entre os meninos, menos de 1 milhão nunca receberá educação formal, o que equivale a 16% daqueles que estão hoje fora da escola.

Em relação aos Estados Árabes, a Unesco diz que as meninas são a maioria das milhões de crianças fora da escola, mas não é possível precisar quantas, devido aos conflitos na região, que dificultam a elaboração de estatísticas exatas.

O Brasil aparece no Atlas como um país sem dados estatísticos específicos sobre gênero na educação básica.

As informações são do Instituto de Estatística da Unesco. Anualmente o instituto faz um levantamento do número de crianças fora da escola e calcula as probabilidades futuras de terem acesso às salas de aula, caso as circunstâncias atuais sejam mantidas. As projeções podem variar ano a ano.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Eliminar as desigualdades de gênero no acesso à escola é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser cumpridos até 2030. Atualmente, uma em cada oito crianças entre 6 e 15 anos está fora da escola e as meninas são as primeiras a serem excluídas. Mais de 63 milhões de meninas no mundo inteiro não recebem educação formal.

"Nunca alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se não conseguirmos vencer a discriminação e a pobreza que paralisam  a vida das meninas e das mulheres de geração a geração", diz a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em nota divulgada nessa quarta-feira (2). "Devemos trabalhar em todos os níveis, desde a base social até os dirigentes mundiais, para fazer da equidade e integração os eixos de toda política, de forma que todas as meninas, sejam quais forem as suas circunstâncias, vão à escola, prossigam os estudos e cheguem a ser cidadãs emancipadas".

Os ODS são uma agenda global que tem a finalidade de promover o desenvolvimento social, a proteção ambiental e a prosperidade econômica em todo o mundo. Os objetivos começaram a valer este ano. Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas que foram acordados pelos países-membros em setembro de 2015, em Nova York, na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Por: Agência Brasil