quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rosalind Franklin

Rosalind Franklin: "mãe do DNA", pioneira molecular comemoraria hoje se fosse viva,  o seu 93° aniversário. Biofísica é considerada uma das mulheres mais injustiçadas da ciência. Nada melhor do que homenagear uma das nossas revolucionárias, falando um pouco sobre a sua história.
 
Anthony Hope, conceituado escritor inglês do fim do século XIX, disse certa vez que “poderia escrever um livro sobre a injustiça dos justos”. Injustiça científica foi o que sofreu a jovem biofísica inglesa Rosalind Franklin. Nascida de uma família judia de classe média alta, Rosalind era a filha caçula de um pai extremamente protetor que a imaginou apenas casada e com filho, não tendo, portanto, nenhuma aspiração profissional. 

Rosalind Franklin
Porém, desde criança, Franklin mostrou grande aptidão para a ciência e, aos 15 anos, decidiu que queria ser cientista. Em 1941, graduou-se em Físico-Química no renomado Newnham College, em Cambridge, onde trabalhou com William Lawrence Bragg, que usava a difração por raios x para revelar a estrutura de cristais.

Franklin escolheu analisar estrutura física de materiais carbonizados utilizando raios x. Em 1947, começa a trabalhar no Laboratório Central dos Serviços Químicos em Paris, onde consolida a sua reputação internacional em cristalografia. De volta à Inglaterra, em 1951, assume um posto no laboratório de biofísica do britânico Maurice Wilkins.

Rosalind Franklin e Maurice Wilkins
No início dos anos 1950, havia três equipes liderando a corrida em busca da estrutura do DNA. O grupo americano, liderado pelo bioquímico Linnus Pauling do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Cal Tech) e dois grupos ingleses, um da Universidade de Cambridge, liderado por Francis Crick e James Watson, e outro do King’s College de Londres, encabeçado por Maurice Wilkins – ou seja, o mesmo laboratório em que Rosalind foi trabalhar.

Felizmente para Franklin, os seus resultados foram rápidos e muito bons. Em 1952, ela conseguiu, por meio de raio x, excelentes imagens da molécula de DNA. Em uma delas, a que ficou conhecida como “Fotografia 51”, via-se a molécula de DNA com excelente resolução. Um aluno de doutoramento de Franklin, Raymond Gosling, que tentava concluir sua tese sem a ajuda da sua orientadora, não conseguiu interpretar a fotografia 51 e a mostrou, sem que Rosalind soubesse, a Wilkins, que também compartilhou a imagem, novamente sem a anuência de Rosalind, com Crick e Watson, colegas de Cambridge. 

Rosalind Franklin
Coube a Watson e Crick terem o “insight” que Rosalind não teve e, como conseqüência, publicaram na edição da revista “Nature” de 1953 uma proposta sobre a estrutura da molécula de DNA. Wilkins escreveu um comentário no artigo e o nome de Rosalind Franklin não foi nem citado.

Durante o período em que passou no King’s College de Londres, Rosalind sofreu preconceitos tanto por ser judia como por ser cientista, em uma época em que a participação feminina na ciência era pequena. Com o ambiente no King’s insuportável e as diferenças entre Franklin e Wilkins aumentando a cada dia, após dois anos, Franklin decide ir embora. Ela viria a morrer em 1958, vítima de câncer no ovário, aos 37 anos, causado pela radiação a que se sujeitou durante os estudos pioneiros sobre um vírus da planta do tabaco.

Rosalind Franklin
A Academia Sueca de Ciências não confere prêmios postumamente. E Rosalind já havia falecido quando Watson, Crick e Wilkins foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina em 1962. Porém, em momento nenhum, o trabalho de Rosalind foi reconhecido. Cartas trocadas entre Watson, Crick e Wilkins mostram que eles tinham consciência de que não conseguiriam sem ela. Dias após a publicação na revista “Nature”, Wilkins escreve para Crick: “E pensar que Rosie teve todas aquelas imagens em 3D por nove meses e não viu uma hélice. Cristo.” Alguns historiadores da ciência defendem que ela foi cautelosa e evitou conclusões precipitadas a respeito dos seus resultados. Outros afirmam que ela não ousou o suficiente para chegar à estrutura atualmente aceita.

Rosalind Franklin ficou para a história como a “Dama Negra do DNA”, como uma cientista injustiçada por décadas e que somente nos últimos anos teve o seu trabalho reconhecido. E hoje é vista não apenas como uma grande cientista, mas também como um ícone feminista, por ousar quebrar todos os paradigmas conservadores e machistas que existiam na sua época.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/cienciaesaude/2012/02/04/noticiasjornalcienciaesaude,2777785/rosalind-franklin-a-dama-negra-do-dna.shtml

sábado, 13 de julho de 2013

A história da mulher no teatro

No início da história do teatro, só os homens podiam participar das encenações e, para os papéis femininos, os atores gregos se utilizam de máscaras. Hoje em dia, sabemos que muita coisa mudou. Mas quando afinal as mulheres puderam subir ao palco e dividir a cena com os homens?

Atravessando a história das tradições cênicas medievais, foi na Itália que houve uma verdadeira recriação das estruturas teatrais por meio das representações do chamado teatro humanista. No século XVI, ocorreu um intenso processo de profissionalização de atores, com o surgimento da chamada "Commedia Dell'Arte", em que alguns tipos representados provinham da tradição do antigo teatro romano, como as figuras do avarento e do fanfarrão.

Devido às inúmeras viagens que as pequenas companhias de Commedia Dell'Arte empreendiam por toda a Europa, este gênero exerceu grande influência sobre o teatro realizado em outras nações. Um século depois, a Itália experimentou grandes evoluções cênicas, muitas delas ainda servem de estrutura ao teatro atual. E foi justamente nesse mesmo período que as mulheres passaram a fazer parte das atuações teatrais, na França.

Uma das atrizes que outrora havia sido integrante do grupo de Molière começou a fazer parte do elenco das peças de Jean Racine, poeta trágico, dramaturgo, matemático e historiador francês, considerado, ao lado de Pierre Corneille, um dos maiores dramaturgos clássicos da França.

O nome da atriz? Therese du Parc, conhecida mais tarde, como La Champmesle, a primeira mulher a interpretar Fedra, personagem principal de “Phèdre”, obra de Racine, tornando-se então uma das principais atrizes da chamada "Commedie Française". Assim, Therese du Parc é  o primeiro nome feminino de que se tem registro na história do teatro.

Em “Phèdre”, o autor não apresenta hesitações e mostra o mundo da Grécia mitológica em toda a sua plenitude. A personagem é vítima da cólera divina e sua paixão pela personagem Hippolyte é muito mais uma punição dos deuses do que uma ação de sua própria vontade. Phèdre não é apenas uma personagem mitológica que sucumbe à fatalidade divina, mas o ser humano que carrega dentro de si as sementes de sua própria condenação.

No texto representado pela atriz, Racine mostra sua habilidade como poeta dramático. A ação está próxima do desenlace, com a protagonista no auge de seu desespero. Phèdre é a personagem trágica por excelência, pois não sendo inteiramente culpada nem inteiramente inocente, desperta no espectador sentimentos de compaixão e terror.

Existem boatos de que Racine comprou uma grande briga com Moliere devido ao “roubo” dessa atriz de sua trupe.  Não se sabe ao certo, mas, casada com Charles Chevillet Champmesle, dizem que Therese du Parc manteve uma relação extra-conjugal com Racine e morreu devido a um aborto malsucedido.

Artigo publicado pelo site: http://spescoladeteatro.org.br/curiosidades/09.php

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Theda Bara

Theda Bara (Cincinnati,Ohio, EUA, 29 de julho de 1885 – Los Angeles, Califórnia, EUA, 7 de abril de 1955), nascida Theodosia Burr Goodman, foi uma atriz norte-americana do cinema mudo. Uma das primeiras vamps do cinema norte-americano, seu nome artístico era um anagrama de "Arab death" ("morte árabe"). Justificou-o no filme que a consagrou: "A Fool There Was" (Escravo de uma paixão) (1915).


Theda Bara

Na verdade, "Theda" era uma alcunha da infância para Theodosia, e "Bara" era aparentemente uma forma encurtada de seu sobrenome materno, Baranger.

Bara era uma das atrizes mais populares do cinema de sua era, além de ser um símbolo sexual dos mais adiantados do cinema. Seus papéis de mulher fatal deram-lhe a alcunha de "Vamp", que logo transformou-se em termo popular para uma mulher de ares predatórios.



Theda Bara

Junto com a atriz francesa Musidora, popularizou a personalidade vamp nos primeiros anos do cinema mudo e logo foi imitada pela atrizes rivais tais como Nita Naldi e Pola Negri.

Outros títulos típicos: "The Tiger Woman" (Coração de tigre) (1917), "Cleopatra"(1917), "When a Woman Sins" (Quando a mulher peca) (1918), "The Unchastened Woman" (Mulher libertina) (1924). Dos mais de quarenta filmes que estrelou, apenas seis chegaram até os nossos dias.

Biografia

Nascimento

Theodosia Burr Goodman nasceu em 1885 na seção de Avondale, Cincinnati, Ohio.

Seu pai, Bernard Goodman (1853-1936), era um próspero alfaiate judeu nascido na Polônia. Sua mãe, Pauline Louise de Coppett (1861-1957), nasceu na Suíça e também era de origem judia. Eles se casaram em 1882.

O irmão e a irmã de Theda eram Marque (1888-?) e Esther (1897-?), que igualmente se tornou atriz de cinema, com o nome de Lori Bara e se casou com Francis W. Getty, de Londres, em 1920.

Em 1917, a família Goodman legalmente mudou seu nome para "Bara".

Educação

Bara estudou na "Walnut Hills High School", de 1899 a 1903, e morou na 823 Hutchins Avenue. Após efetuar dois anos de estudo na Universidade de Cincinnati, foi trabalhar em produções teatrais e explorar novos projetos, mudando-se para Nova York em 1908. Fez seu debut na Broadway em "The Devil", em 1908.

Carreira

Theda Bara atuou em mais de 40 produções cinematográficas entre 1914 e 1926. As cópias completas de somente seis destas películas ainda existem. A maioria de películas de Bara foi produzida por William Fox, começando com A Fool There Was (1915) e terminando com The Lure of Ambition (1919). O fenomenal sucesso de A Fool There Was deu a William Fox o dinheiro para fundar a Fox Film Corporation, que se tornou um estúdio bem sucedido.


Theda Bara

Ela foi a mais famosa das estrelas de cinema, perdendo somente para Charlie Chaplin e Mary Pickford em popularidade. Seus mais conhecidos papéis foram os que ela interpretava em estilo "vamp", embora muitas vezes ela tentasse também interpretar heroínas, como no filme "Under Two Flags" e "Her Double Life". Ela também interpretou a Julieta, de "Romeo and Juliet", de William Shakespeare. Embora Bara tomasse seu ofício seriamente, era demasiado bem sucedida como uma mulher "arbitrária e exótica", e assim tinha dificuldades em desenvolver uma carreira mais versátil.

Muitos dos filmes de Bara foram lançadas na costa leste, primeiramente no estúdio da Fox Films. A atriz viveu com sua mãe e irmãos em Nova York por muito tempo. A ascensão de Hollywood como o centro de indústria cinematográfica americana a forçou a se mudar para Los Angeles, para filmar o épico "Cleopatra" (1917). Este filme tornou Bara um grande "hit". Nenhuma cópia conhecida de Cleopatra existe hoje, mas fotografias numerosas de Bara no traje como a rainha do Nilo sobreviveram.


Theda Bara como Cleópatra em 1917
Entre 1915 e 1919, Bara foi promovida, tornando-se a grande estrela do estúdio. Quando perdeu esse suporte, sua carreira desabou. Cansou de fazer somente papéis "vamp", não se importando em renovar seu contrato com a Fox quando expirou (era de 5 anos). Seu último filme na Fox foi "The Lure of Ambition" (1919). Depois disso, só fez outro filme em 1925, "The Unchastened Woman" da Chadwick Pictures Corporation.

Bara aposentou-se após ter feito a comédia "Madame Mystery" (1926), feita por Hal Roach, onde parodiava sua imagem vamp.

Theda Bara é a famosa a ter uma porcentagem mais elevada de filmes perdidos em comparação com outros atores/atrizes de Hollywood. Em 1937, um incêndio nos armazéns da Fox, em Nova Jersey, destruiu a maioria dos filmes mudos deste estúdio.



 
Theda Bara em Trechos do filme Cleópatra (1917)

Três de seus filmes ainda permanecem intactos, o restante foi quase totalmente perdido, tais como "Du Barry", "Carmen", "Salome" e "Camille". De "Cleopatra" ainda restam 40 segundos. Felizmente "A Fool There Was" foi preservado em uma cópia integral. "Madame Mystery" ainda existe em uma cópia de 9.5mm.

Sex symbol

Bara é frequentemente mencionada como a primeira sex symbol desta era, e em um número considerável de seus filmes apareceu em trajes transparentes, que deixaram pouco ao imaginário do público. Tais figurinos foram "banidos" dos filmes de Holywood films após o código de produção ser instaurado em 1930, e reforçado em 1934.


Theda Bara
 
Bara foi fotografada com diversos figurinos temáticos, que eram de uso popular para promoção de atores e atrizes de ares misteriosos, juntamente com um cenário exótico. Os estúdios a promoveram com uma campanha de publicidade maciça, a descrevendo como nascida no Egito, filha de uma atriz francesa e de um escultor italiano. Além disso, disseram que ela havia passado seus primeiros anos no deserto do Saara, sob a sombra da esfinge, tendo se mudado para a França para estudar teatro (sendo que na realidade ela jamais fora ao Egito ou a França). Ela foi chamada de "Serpente do Nilo", o que a incentivou a comentar sobre misticismo e ocultismo em suas entrevistas.

A essa altura, devido a fama de Theda Bara, sua imagem vamp se tornou notória e começou a ser referida em canções populares. Em "Red-Hot Hannah": "I know things that Theda Bara's just startin' to learn - make my dresses from asbestos, I'm liable to burn....". A música "Rebecca Came Back From Mecca", diz: "She's as bold as Theda Bara; Theda's bare but Becky's bare-er", e a música "If I had a man like Valentino" possui o refrão, "Theda Bara sure would die; she would never roll another eye".

Casamento e "aposentadoria"

Bara casou com o diretor britânico Charles Brabin (1883-1957) em 1921. Sua carreira começou, então, a decair, sendo finalmente encerrada com a comédia "Madame Mystery" em 1926. No ano seguinte, Bara fez uma aparição bem sucedida ( porém mal comentada ) na Broadway em "The Blue Flame".

Embora sempre tenha expressado o interesse no retorno a atuar em cinema, seu marido não considerou apropriado que sua esposa tivesse uma carreira.



Theda Bara

Ela fez uma série de entrevistas no rádio: em 8 de junho de 1936 na transmissão do Lux Radio Theater; 7 de março de 1939 como convidada da NBC e em 8 de novembro de 1939 na CBS.

Bara gastou o restante de sua vida vivendo entre Hollywood e Nova York, no conforto e na riqueza relativa. O produtor Buddy DeSylva e a Columbia Pictures expressaram interesse, em 1949, em fazer um filme da biografia de sua vida, com a estrela Betty Hutton, mas o projeto nunca foi materializado.

Morte

A atriz morreu de câncer de estômago em 1955, na cidade de Los Angeles, Califórnia. Foi enterrada como Theda Bara Brabin em Forest Lawn Memorial Park Cemetery na cidade de Glendale, Califórnia.



Theda Bara

Legado

- Theda Bara tem uma estrela na Calçada da fama, em Hollywood.  - No ano de 1994 foi honrada com sua imagem nos selos dos Estados Unidos, projetado pelo caricaturista Al Hirschfeld.
- Em junho 1996, duas biografias apareceram: de Ron Genini "Theda Bara: A Biography" (McFarland) e de Eve Golden, "Vamp"(Emprise).
 - Em outubro de 2005 a TimeLine Films premiou a filmobiografia "Theda Bara: The Woman With the Hungry Eyes".
 - Um flme da britânica Georgina Starr intitulado "Theda" (baseado nas histórias sobre os filmes perdidos de Bara) foi premiado em novembro de 2006, na cidade de Londres.
 - A Fort Lee Film Commission dedicou a Main Street e a Linwood Avenue in Fort Lee, Nova Jersey, como "Theda Bara Way" em maio de 2006, em honra a Bara, que fez muitos filmes nos estúdios da Fox na Linwood e na Main.
 - A imagem de Theda Bara é símbolo do Chicago International Film Festival - um close de seus olhos em preto e branco, como frames repetidos em uma tira de película.  

Artigo publicado pelo site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Theda_Bara