Em um momento da história no qual a civilização já se encontrava em uma etapa adiantada, o poder era exercitado pelas mulheres, particularmente pelas mães do grupo. Esta expressão vem do latim mater, ‘mãe’, e do grego archein, que tem o sentido de ‘governar’ – governo da mãe.
Há cerca de trinta mil anos, este regime desabrochava em quase todos os recantos do Planeta. Alguns pesquisadores associam a vigência deste formato social ao aparecimento de um inédito modo de produção, a agricultura, paralelamente ao amansamento dos animais. Este foi um período culturalmente rico, a era das Deusas, que imprimiam sua marca em uma estrutura social determinada pela solidariedade, pelo respeito à vida e pela aura sobrenatural inerente a tudo.
O Matriarcado caracteriza-se pela matrilinearidade – modalidade parental na qual as gerações que se sucedem são identificadas pela linha maternal – e pela matrifocalidade – a gestão doméstica e familiar é realizada pelas mulheres. O ponto mais importante, porém, é que estas detêm o monopólio da partilha dos recursos do clã, principalmente dos alimentos. Isto lhes confere tão vasto poder, que elas imprimem sua condição matriarcal à sociedade, determinando assim a supremacia política feminina.
Todas as decisões partiam das mulheres, as quais eram responsáveis por tudo que ocorria na tribo. Nesta época, tudo era considerado interligado, não só as pessoas entre si, mas também o Homem e a Natureza, que se constituíam em um todo harmônico, que deveria ser honrado e respeitado. Tudo era considerado sagrado, parte da Divindade. Esta mentalidade se cristalizou de tal forma, que até nossos dias o Matriarcado persiste na psique como um valor mítico, impregnado de uma aura venerável.
Nesta modalidade sócio-política o marido é considerado apenas como o lavrador que lança sua semente na terra, esta sim responsável pela germinação. O homem, portanto, é apenas o ser anônimo que dá início a um processo de criação. Em um determinado instante, porém, inicia-se a queda do Matriarcado, mais ou menos por volta de 2000 a.C., oscilando a data precisa de local para local. Pouco se sabe sobre esta fase de transição. A população cresceu, os conflitos territoriais se intensificaram, surgiu o desejo de domesticar a Natureza, que foi perdendo seu status sagrado. O fato é que esta passagem se prolongou por pelo menos 1000 anos, até o domínio completo do masculino.
Houve uma determinante mudança na forma de se ver e sentir o mundo. Instituiu-se então o Patriarcado, ainda hoje em fase de consolidação. Os homens começaram a se impor na proteção guerreira às mulheres, depois concretizaram seu domínio submetendo não só a Natureza, mas a própria mulher, aliás, um símbolo da vida natural. Hoje essa forma de agir tornou-se tão natural, tão interiorizada no âmago do feminino, que se tem a impressão de que o Homem sempre manteve a autoridade sobre tudo e todos. Até mesmo o feminismo se baseia sobre essa falsa crença. Mas a verdade é que o Patriarcado é uma instância histórica, que pode em um dado período ser substituída por algo totalmente novo.
Artigo publicado pelo site: http://www.infoescola.com/sociologia/matriarcado/
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