quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Simone de Beauvoir

Hoje é o 106° aniversário de Simone de Beauvoir. Para homenagear esta grande mulher vamos falar um pouco sobre a sua história de luta.

A escritora, ícone do feminismo e filósofa integrante do movimento existencialista, Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beuavoir, nasceu na cidade de Paris, na França, mais precisamente no boulevard du Montparnasse 103, no dia 9 de janeiro de 1908. Ela era a primogênita de duas irmãs, filha de um casal descendente de famílias tradicionais, porém decadentes. Seu pai era o advogado Georges Bertrand de Beauvoir, ex-membro da aristocracia francesa. A mãe era Françoise Brasseur, filha da alta burguesia. Em nome deste passado glorioso, os pais da moça optaram por convencê-la de que pertencia a uma esfera social elevada.

Esta rara fotografia de família mostra Simone de Beauvoir, a sua mãe Françoise e Hélène, sua irmã mais nova. Simone era filha de Georges Bertrand de Beauvoir e Françoise Brasseur. “O meu pai esperava ter um filho, ao invés de duas filhas”, costumava afirmar Simone, que aos 15 anos de idade já sonhava em ser escritora.

A escritora estuda inicialmente em uma escola católica privada, o Cours Désir, na qual permanece até os 17 anos. Sua inclinação literária é incentivada pelos pais, que cultivam em comum a paixão pelos livros. A mãe estimula a garota até mesmo a criar suas próprias histórias. Crescendo em um ambiente culto, ela se devota de corpo e alma aos estudos, impelida também por uma infinita vontade de descerrar os segredos do mundo.

Simone de Beauvoir

Nesta instituição ela se torna amiga de Elizabeth Lacoin, também conhecida como Zaza, a qual exercerá uma influência definitiva sobre a personalidade de Simone, com sua irreverência e seu ceticismo quanto à Humanidade. A futura filósofa se torna mais atrevida, confiante e indisciplinada. Em 1929 sua família, em meio a uma crise financeira, se transfere para um endereço mais simples, na rue de Rennes. Nesta altura os conflitos entre Simone e seu pai crescem e, com quinze anos de idade, ela se declara descrente de Deus.

Sempre frequentando escolas particulares, Simone se gradua em filosofia, em 1929, e neste mesmo ano tem um encontro decisivo com o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, com quem manterá um relacionamento por toda sua vida. Mesmo determinada a ser escritora, a filósofa passa a lecionar para sobreviver. Na década de 30 ela conhece Raymond Aron, Paul Nizan, Pierre Guille e Madame Morel.

Uniu-se estreitamente ao filósofo  Jean-Paul Sartre e a seu círculo, criando entre eles uma relação polêmica e fecunda, que lhes permitiu compatibilizar suas liberdades individuais com sua vida em conjunto. Na verdade, é difícil caracterizá-los como casal, porque viveram longas relações amorosas cada um com outras pessoas; Beauvoir, por exemplo, teve uma forte relação com o escritor norte-americano Nelson Algren logo após a guerra, e na década de 1950 manteve outra relação duradoura com Claude Lanzmann. No verão, era comum Beauvoir e Lanzmann viajarem com Sartre e sua amante Michelle Vian, ex-esposa do escritor Boris Vian.


Simone de Beauvoir

Foi professora de filosofia até 1943 em escolas de diferentes localidades francesas, como Ruão e Marselha.


Ela atua em várias instituições escolares, de 1931 a 1943. Simone e Sartre criam, em 1945, o veículo Les Temps Modernes, de periodicidade mensal, na qual ambos produzem os principais textos. Nos anos 40 ela integra um círculo de filósofos literatos que conferem ao existencialismo uma coloração literária. No final desta década, em 1949, a autora lança sua obra-prima O Segundo Sexo, que logo se torna um clássico do movimento feminista.

O segundo sexo, a mais famosa obra de Simone

Seus livros enfocavam os elementos mais importantes da filosofia existencialista, revelando sua crença no comprometimento do intelectual com o tempo no qual ele vive. Na obra A Convidada, de 1943, ela aborda a degeneração das relações entre um homem e uma mulher, motivada pela convivência com outra mulher, hóspede na residência do casal. Uma de suas publicações mais conhecidas é Os Mandarins, de 1954, na qual a escritora flagra os intelectuais no período pós-guerra, seus esforços para deixarem a alta burguesia letrada e finalmente se engajarem na militância política.

Simone publica diversos livros filosóficos e ensaios. Ela se dedica também a registrar suas experiências em extensas obras autobiográficas, que compõem igualmente um retrato da época na qual ela viveu. A autora revela também uma inquietação diante da velhice e da morte, eternizando esta preocupação em livros como Uma Morte Suave, de 1964, e Old Age, de 1970.

Simone de Beauvoir & Jean-Paul Sartre

Em A Cerimônia do Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de Sartre, com quem ela sempre manteve um relacionamento aberto e controvertido, pois ambos cultivavam relações com outros parceiros, e compartilhavam as experiências adquiridas neste e em outros campos da existência, em função de um pacto estabelecido entre ambos. O filósofo acreditava que os dois, antes mesmo de constituírem um casal apaixonado, eram escritores; sendo assim, era necessário mergulhar na essência do Homem, o que só seria possível com a vivência de inúmeras experiências. Daí a idéia de viver o máximo possível e trocar entre si as vivências de ambos.

Com a morte de seu companheiro, em 15 de abril de 1980, Simone vê sua saúde se complicar, com o uso abusivo do álcool e das anfetaminas. Ela falece no dia 14 de abril de 1986, aos 78 anos de idade. Cinco dias depois ela é enterrada no cemitério de Montparnasse, junto ao seu amado Sartre.

Ficheiro:Sartrebeauvoir.jpg
Túmulo de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.

Obras:

1943 : A convidada (L'Invitée), romance
1944 : Pyrrhus et Cinéas, ensaio
1945 : O sangue dos outros (Le Sang des autres), romance
1945 : Les Bouches inutiles, peça de teatro
1946 : Tous les hommes sont mortels, romance
1947 : Pour une morale de l'ambiguïté, ensaio
1948 : L'Amérique au jour le jour
1949 : O segundo sexo, ensaio filosófico
1954 : Os mandarins (Les Mandarins), romance
1955 : Privilèges, ensaio
1957 : La Longue Marche, ensaio
1958 : Memórias de uma moça bem-comportada (Mémoires d'une jeune fille rangée), autobiográfico
1960 : La Force de l'âge, autobiográfico
1963 : A força das coisas (La Force des choses),
1964 : Une mort très douce, autobiográfico
1966 : Les Belles Images, romance
1967 : La Femme rompue, novela
1970 : A velhice (La Vieillesse), ensaio
1972 : Tudo dito e feito (Tout compte fait), autobiográfico
1979 : Quand prime le spirituel, romance
1981 : A cerimônia do adeus (La Cérémonie des adieux suivi de Entretiens avec Jean-Paul Sartre : août - septembre 1974), biografia

Prêmios:

Prêmio Goncourt
Prémio Jerusalém
Prêmio Sonning

Fontes
http://www.simonebeauvoir.kit.net/crono_1908_30.htm
http://www.cobra.pages.nom.br/ft-beauvoir.html
http://pt.wikipedia.org/

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